2 de julho de 2010

Na verdade pouco me importa ser a sucessora de alguém que amaste.
Tampouco me importa que olhes para mim e procures alguém que já não existe.
É-me indiferente essa tua paixão elevada ao expoente divino que só os mortos alcançam.
Quem sabe um dia, se morrer antes de ti, me vejas noutra mulher.
Ou não.
Porque não sou igual a ninguém, não sou parecida a ninguém.
Nem nessa tua esquizofrenia romântica existiria porventura um clone meu.
Lamento-te.
Reconheço o teu perfil neurótico em muitos homens, em muitas mulheres.
Tudo gente que sofre por total incapacidade de ser feliz enquanto pode, com quem pode.
Relaxa, não te deixo só.
Não prestas para nada mas não te abandono, ainda que me trates como um brinquedo com que te entreténs, ainda que me chames apenas quando já não suportas mais o ruído da tua própria respiração e choras baixinho como um adolescente mal-amado com saudades das últimas férias de Verão.
Não te abandono, doutorzinho.Vim salvar a tua vida, e, sim, este é um trabalho solitário.
Não te fies no meu ar distante e alheado, é a minha forma de te observar sem te dares conta de que és cirurgicamente inspeccionado.Vasculho-te essa alma tola, mesmo quando me beijas, mesmo quando me tomas toda e dizes o nome dela.
Vim resgatar-te desse deserto de luto, dessa areia movediça onde um dia também eu quase me afundei. Todos perdemos alguém. Todos. E todos precisamos de ser encontrados.
Achei-te.

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