3 de julho de 2010

[Look into my eyes you will see]

Uma anestesia mal dada. Depois o coma. Depois a dor. Hoje apenas o vazio.
Habituei-me a não falar. Dizem que o silêncio acalma o medo.
Estamos muitas vezes em silêncio. Desconfio que também gostas. Na verdade, sei pouco do que gostas mas conheço-te o suficiente para beijar-te sem usar palavras.
Nunca te falei da minha dor. O peso de uma morte dói mais que muitas vidas.
Às vezes sorrio-te e tu devolves-me o sorriso. Não pensamos muito nisso. Não pensamos muito em nada. Deixamo-nos ficar por ali quietos naquilo a que carinhosamente chamas a nossa intimidade.
E não quero ferir-te mas a verdade é que nada é íntimo. Somos públicos. Partilhamos e somos partilhados. E tu nem te apercebes, nem sonhas que quando te olho não é a ti que te vejo.
Sento-me.
Os meus olhos perdem-se na recordação. E de repente tu, ela. Viva outra vez. Tão linda. Sempre tão linda.
Entra pela porta. Pousa os sacos. Sorri.
(Nunca tive oportunidade de falar-lhe na beleza do seu sorriso).
Um dia volto atrás. Um dia volto e fico por lá. Na nossa intimidade.

4 comentários:

  1. este texto foi 1 dos textos mais lindos que li.
    que escrita, que continues*
    beijo!

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  2. Estou rendido pela excelência deste blogue! Voltarei MUITAS vezes!!!!!

    Parabéns e obrigado pela visita!!!

    Abraço

    BM

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  3. Lindo! Simples e intenso, como são as lembranças. Adorei, vou voltar sempre!
    obrigada pela visita no meu blog.

    beijos

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